O Dell fez o que poucos esperavam: transformou um jogo equilibrado em uma vitória histórica. Com dois gols, o jovem atacante das categorias de base do Esporte Clube Bahia liderou a Seleção Brasileira Sub-17 a uma vitória por 2 a 1 sobre o Marrocos, nesta sexta-feira (21 de novembro de 2025), nas quartas de final da Copa do Mundo Sub-17 da FIFADoha. O gol da vitória veio no último lance do jogo — aos 50 minutos do segundo tempo —, quando Dell, livre na grande área, driblou o goleiro Bellaarouch C. e definiu o placar. Foi o segundo gol do garoto, que já havia aberto o marcador aos 15 minutos do primeiro tempo. Marrocos descontou com Ziyad Baha, que converteu um pênalti aos 45+2’, após falta do zagueiro Ângelo. Mas o Brasil, que já havia passado por Paraguai e França nas oitavas apenas nos pênaltis, finalmente jogou com segurança e fechou o jogo como merecia.

Um garoto de Salvador que brilhou em Doha

Dell, de apenas 16 anos, não é um nome conhecido nas grandes mídias nacionais — ainda. Mas agora, em Doha, ele virou referência. O jovem, que atua no Esporte Clube Bahia desde os 13 anos, foi apelidado de "Haaland do deserto" pela imprensa internacional. E não é exagero. Ele tem a velocidade de um raio, a finalização precisa de um veterano e a calma de quem já jogou mil jogos. O primeiro gol foi de cabeça, após cruzamento de Ruan Pablo pela direita. O segundo foi pura individualidade: recebeu lançamento profundo, fez um finta para dentro, enganou o goleiro e empurrou para o fundo da rede. "Ele não é só um goleador. É um líder nato", disse o técnico Ricardo Gomes após o jogo. O CBF já prepara um convite para que Dell participe de um treinamento com a seleção olímpica em janeiro.

Marrocos sonhou, mas não conseguiu superar o Brasil

Para o Marrocos, era a melhor chance da história. O time africano nunca havia passado das quartas de final em uma Copa do Mundo Sub-17. Em 2023, perderam na final da Copa Africana para o Mali — e agora, contra o Brasil, chegaram mais perto do que nunca. Ziyad Baha, autor do gol de pênalti, foi o herói da oitava de final contra Mali, marcando dois gols. Mas contra o Brasil, a pressão foi demais. A defesa marroquina, que vinha sólida, desmontou no final. O técnico Hicham Driouech admitiu: "Tivemos chances, mas o Brasil soube controlar o jogo. E quando precisava, tinha um garoto que fazia a diferença". O público de 12.400 espectadores no Mansour Muftah aplaudiu os dois times — mas a standing ovation foi para Dell, que saiu de campo com a camisa encharcada e o olhar de quem já sabe que a vida mudou.

Um Brasil mais maduro, sem pênaltis

O Brasil chegou às quartas com duas vitórias nos pênaltis — contra Paraguai e França. Nesta partida, o time mostrou evolução tática. O meio-campo com Lucas Ramón e João Pedro (goleiro que fez três defesas cruciais) dominou o ritmo. A ausência do zagueiro Luis Eduardo, suspenso por acumulação de cartões, foi sentida, mas o lateral Matheus Santos se destacou no lugar. O árbitro Andrea Colombo, da Itália, teve um jogo tranquilo, apesar de uma polêmica no início: negou um pênalti para Marrocos após contato com o atacante Abdel Hayí. "Foi um toque, não uma falta", disse Colombo em entrevista pós-jogo. O Brasil não precisou da sorte desta vez. E isso é o mais importante.

Próximo desafio: Portugal, a nova ameaça europeia

Na próxima segunda-feira (24 de novembro de 2025), o Brasil enfrenta a Portugal nas semifinais. O time luso vem de uma vitória emocionante por 3 a 2 sobre a Áustria, com dois gols do meia Diogo Costa, de 17 anos, considerado o novo "João Félix" da nova geração. Portugal tem o melhor ataque do torneio — 11 gols em quatro jogos. O Brasil, por sua vez, tem a defesa mais sólida — apenas 2 gols sofridos. O confronto promete ser técnico, intenso. E o Brasil, que já conquistou cinco títulos mundiais na categoria (1997, 1999, 2003, 2005, 2019), está mais perto do sexto do que nunca. "Estamos vivendo um momento único. Não vamos deixar escapar", disse o capitão Gabriel Luiz.

Um torneio que reescreve histórias

O Aspire Zone, em Doha, se tornou o novo berço das jovens promessas do futebol. O complexo, que custou mais de US$ 1 bilhão, é o mais moderno do mundo para categorias de base. E nesta edição, o Brasil voltou a ser protagonista. O CBF comemorou a classificação com um comunicado oficial: "O futebol brasileiro continua sendo referência, mesmo nas categorias de base". Já a FRMF — Federação Real Marroquina de Futebol — disse que "a seleção fez história, mesmo sem chegar à final. Este time é o futuro de nosso futebol".

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